quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Fritar e Cozinhar em Casa Faz Tão Mal Quanto Poluição da Rua


Brilhante texto de Peter Andrey Smith do The New York Times.

No meio da manhã, o cheiro de óleo de amendoim quente se dissipou e, dentro do laboratório completamente vedado, conhecido como Prédio 51F, um hambúrguer rosado chiava na frigideira sobre a chama raivosa do gás. Acima da cabeça, os ventiladores zumbiam, puxando a fumaça cáustica através do esôfago metálico da rede de condutos.
Woody Delp, 49, engenheiro cabeludo de óculos supervisionava os experimentos com vagem e hambúrguer. Ele se sentou diante de um computador dentro de um simulador de cozinha, enquanto fileiras e mais fileiras de dados numéricos surgem na tela, marcando os materiais da nuvem de fumaça sugada pelo cano de chaminé. Para ele, um hambúrguer tostado é apenas uma fonte confiável de poluição interna.
Porém, Delp e colegas não estão interessados em testar receitas. Eles são cientistas do Departamento de Energia do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, e a experiência tinha a ver com outro enigma da cozinha, uma briga contra a física: como remover contaminadores nocivos gerados ao cozinhar.
Em termos simples, cozinhar é um ato de combustão controlada - você põe óleo, gordura e carboidratos no fogo. Como risco à saúde, incinerar hambúrgueres e vagem pode parecer bobagem diante de acender uma lareira a lenha ou carvão dentro de quatro paredes, a principal causa ambiental de morte e invalidez do mundo. Contudo, fritar, grelhar ou tostar comidas com equipamentos a gás ou elétricos criam substâncias, em particular o dióxido de nitrogênio, o monóxido e dióxido de carbono, além de compostos orgânicos voláteis.
As emissões de dióxido de nitrogênio nas casas com fogão a gás ultrapassam a definição de ar limpo da Agência de Proteção Ambiental de 55% a 70% das casas, segundo um modelo; um quarto dos lares dos Estados Unidos tem qualidade de ar pior do que o pior evento registrado de smog (dióxido de nitrogênio) em Londres, na Inglaterra. Cozinhar representa um dos maiores contribuintes da poluição interna, gerando material particulado em concentrações quatro vezes maiores do que os piores episódios de neblina em Pequim.
"Como estamos acostumados ao cheiro, não pensamos que seja um problema", disse Jennifer M. Logue, 32, engenheira de qualidade do ar do Laboratório Berkeley. "Quando se mora em um prédio pequeno, você cozinha bastante e não usa exaustor, que talvez não seja lá muito eficiente mesmo, então, provavelmente, virá a ter problemas com os poluidores provenientes do ato de cozinhar."

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